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Santa Catarina, 17/04/2013 - nº 1.470
Médicos suspendem atendimento a planos de saúde no próximo dia 25
Médicos em todo o país vão suspender o atendimento a pacientes com plano de saúde no próximo dia 25, quando será organizado o Dia Nacional de Alerta aos Planos de Saúde. A mobilização ocorre pelo terceiro ano consecutivo e conta com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam).
 
Na data, estão previstos protestos em diversos estados contra o que a categoria chama de abusos praticados pelas operadoras na relação com médicos e com pacientes. O formato dos atos públicos (caminhadas, concentrações etc.) será definido em assembleias organizadas pelas comissões estaduais de honorários médicos, compostas pelas associações médicas, conselhos regionais de medicina, sindicatos médicos e sociedades estaduais de especialidades.
 
Entre os itens reivindicados pela categoria estão o reajuste de consultas e de procedimentos e o apoio ao Projeto de Lei 6.964/10, que trata da contratualização e da periodicidade de reajuste dos honorários pagos aos médicos.
 
A classe cobra ainda uma resposta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre as propostas de cláusulas obrigatórias a serem inseridas nos contratos entre médicos e planos de saúde, apresentadas pelos médicos em abril do ano passado.
 
“Em caso de suspensão temporária de atendimentos eletivos, os pacientes serão atendidos em nova data, que será informada. O protesto não atinge os casos de urgência e emergência. Para eles, o atendimento está assegurado”, informou o CFM, por meio de nota.
 
Fonte: Paula Laboissière - Agência Brasil
Manifestantes sem-terra marcham na capital pelo fim da impunidade no campo
Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) percorrem desde cedo a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, em Brasília, pedindo o fim da impunidade no campo. Os manifestantes - estimados em 500 pela Polícia Militar e pelo MST - saíram por volta das 7h do acampamento onde estão alojados, no Setor de Indústria e Abastecimento, e caminharam até o Supremo Tribunal Federal, onde fizeram uma pausa às 9h40, para homenagear os 21 trabalhadores rurais sem terra mortos no Massacre de Eldorado dos Carajás, há 17 anos.
 
Além de lembrar os mortos, os manifestantes pedem agilidade no processo de reforma agrária. Segundo o movimento, há em todo país150 mil famílias acampadas e 69 mil grandes propriedades improdutivas. Às 10h20, os manifestantes deixaram o STF e se dirigiram ao Ministério da Justiça, onde pedirão uma audiência para tratar da impunidade no campo e dos processos judiciais que, segundo eles, impedem a aquisição de 193 áreas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
 
Durante a manhã, a Comissão de Direitos Humanos do Senado também realiza audiência sobre os conflitos agrários e a impunidade no campo. Segundo o MST, às 11h serão doadas, na Rodoviária do Plano Piloto, duas toneladas de alimentos cultivados sem agrotóxicos para a população. Os produtos, entre eles mandioca, batata doce, quiabo, feijão de corda, abóbora e abobrinha verde são de assentamentos e acampamentos do Distrito Federal e Entorno.

Fonte: Danilo Macedo - Agência Brasil

Centenas de índios de diversas etnias exigem revogação de projetos contrários aos interesses dos povos indígenas


Centenas de índios de diversas etnias lotaram ontem (16) o Plenário 1 da Câmara dos Deputados para exigir que os Poderes Executivo e Legislativo suspendam ou revoguem todos os decretos e projetos de lei em vigor ou em discussão considerados contrários aos interesses dos povos indígenas.
 
Classificados como “a cara da resistência” pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), os índios criticaram o que o deputado Domingos Dutra (PT-MA) denominou como “momento negro” vivido pelos movimentos sociais, sobretudo o indígena. Dutra sugeriu que os índios permanecessem pacificamente na sala até que suas reivindicações fossem atendidas. Encaminhada pelas lideranças indígenas, a sugestão foi aprovada caso o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), não apresente uma resposta satisfatória ao fim da reunião com líderes partidários.
 
“O branco não está nos respeitando; está nos matando e temos que elaborar um documento para entregarmos à presidenta Dilma [para que] ela nos respeite”, declarou o cacique Raoni Metuktire, líder caiapó da Amazônia, durante os protestos pela revogação imediata da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00.
 
A PEC 215 prevê a transferência do Poder Executivo para o Congresso Nacional da palavra final sobre a demarcação, titulação e homologação de terras indígenas e quilombolas. Na avaliação do movimento indígena, a iniciativa, se aprovada, vai inviabilizar, ou, no mínimo, retardar a demarcação de novas reservas.
 
Os índios também apontam como contrárias aos seus interesses mais duas iniciativas parlamentares: o Projeto de Lei (PL) 1.610 , de 1996, que aprova a exploração de recursos minerais em terras indígenas, e a PEC 237, deste ano, que torna possível a concessão de terras indígenas a produtores rurais.
 
Em Brasília para participar do Abril Indígena, os índios foram à Câmara dos Deputados participar da audiência pública promovida pela Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, durante a qual foi aprovado o relatório da comissão externa criada para acompanhar a situação dos cerca de 170 índios guaranis-kaiowás da Aldeia Pyelito Kue, em Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, que, no ano passado, divulgaram uma carta equivocadamente interpretada como ameaça de suicídio coletivo.
 
Durante o evento, os índios também criticaram iniciativas do Poder Executivo como a publicação do Decreto 7.957, de março deste ano; a Portaria 303, da Advocacia-Geral da União (AGU), e a Portaria Interministerial 419/11.
 
“Infelizmente, [as críticas] não são apenas para os partidos políticos que já conhecemos por não gostar dos índios. Os que [dizem que] gostam é que estão minando, aprovando PECs e requerimentos contrários ao nosso povo. Temos nos sentido, nos últimos anos, como os maiores inimigos do país”, disse Neguinho Truká, de Pernambuco.
 
“Este governo está mandando um recado: não há espaço para os povos indígenas dentro desse governo, dentro desse projeto de nação. Está bem claro para nós que essas PECs, essas portarias são uma sentença de morte. Tudo isso, no futuro, vai se refletir no nosso povo”, acrescentou Rildo Kaigang.
 
Henrique Alves propõe acordo e índios deixam a Câmara
 
O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), propôs, na noite de ontem (16), um acordo com as lideranças indígenas para suspender neste semestre a criação da comissão especial destinada a apreciar o mérito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 e a criação de um grupo paritário para discutir os temas de interesse dos povos indígenas. A PEC 215 transfere para o Congresso a decisão final sobre a demarcação de terras indígenas.
 
A proposta foi levada a centenas de indígenas que a aprovaram, em plenária. Em seguida, os índios deixaram as dependências da Câmara. Desde as primeiras horas do dia de hoje, os índios ocuparam plenários de comissões, corredores da Casa e invadiram o plenário da Câmara durante sessão deliberativa, levando à suspensão da sessão. Henrique Alves então se dirigiu ao plenário e propôs negociar com as lideranças indígenas, desde que os índios saíssem do local dez minutos após a apresentação da proposta.
 
A proposta foi aceita e os índios foram para o Salão Verde da Casa à espera da reunião das lideranças com Henrique Alves. Todas as manifestações dos indígenas foram em protesto à criação da comissão especial para analisar a PEC.
 
De acordo com o deputado Padre Tom (PT-RO), que acompanhou todas as negociações de Alves com as lideranças indígenas, o presidente da Câmara se comprometeu a assinar hoje (17) a criação do grupo de trabalho, composto por igual número de deputados defensores das causas indígenas, de deputados contrários e de representantes dos indígenas. O parlamentar informou que o grupo de trabalho pretende discutir todas as propostas em tramitação na Câmara de interesse dos índios, inclusive portarias do governo que tratam da questão.
 
Segundo Padre Tom, alguns líderes partidários que participaram da reunião de Alves com as lideranças indígenas se comprometeram a não indicar deputados de seus partidos para a formação da comissão especial destinada a analisar a PEC 215.
 
Fonte: Alex Rodrigues e Iolando Lourenço - Agência Brasil/EcoDebate